CHILE FECHA O CERCO A ALIMENTOS NÃO SAUDÁVEIS
Desta vez as boas notícias vêm do Chile. Leio em uma publicação(1): “O Chile tirou da prateleira dos supermercados personagens criados pela indústria alimentícia para aumentar a sedução de seus produtos aos olhos das crianças”.
Medida muito pertinente do governo chileno. Sabe-se há muito que esta indústria dirige sua propaganda principalmente às crianças. Crianças habituadas ao consumo de alimentos não saudáveis formam um público fiel, pois estes alimentos são processados de modo a viciar as pessoas. Uma criança que se vicia nesses alimentos os consumirá por toda a vida; é assim que raciocina a indústria alimentícia.
Quais são esses alimentos? Ainda, conforme a publicação, desde 2016, o governo vem tomando fortes medidas para restringir a comercialização e ações de marketing em relação aos produtos industrializados com excesso de açúcar, sal e gorduras saturadas* (são esses os ingredientes que são misturados nas proporções exatas para viciar as pessoas). Também os alimentos altamente calóricos estão na mira.
O governo está, também, regulando os rótulos desses produtos, normalmente incompletos e que não permitem à maioria dos consumidores saber o que está consumindo. Bebidas com alto teor de açúcar, como os refrigerantes, foram taxados em 18% (a Organização Mundial da Saúde recomenda 20%). Diz a nota que tais medidas visam a conter a epidemia global de obesidade que assola os 18 milhões de chilenos. O Chile é um dos países onde há os maiores índices de obesidade nas Américas. Mas, com essas medidas, não somente as taxas de obesidade deverão cair; deverão diminuir as incidências de cáries dentárias, de doenças cardiovasculares, de câncer, de diabetes II entre muitas outras.
A Lei da Alimentação chilena já é considerada a mais avançada do mundo; foi proposta em 2007 pelo médico e senador Guido Girardi, que afirmou: “As pessoas têm o direito de saber o que as companhias de alimentos estão colocando nesse lixo e, com a legislação adotada, creio que o Chile tem feito uma grande contribuição para a humanidade”.
Espera-se que esse modelo sirva de experiência para outros países.
A população chilena tem tido participação ativa nesse processo, boicotando a compra de alimentos industrializados e bebidas açucaradas, optando por produtos orgânicos. O crescimento de empresas como Coca-Cola, Danone, Nestlé, Kraft-Heinz foi o menor nos últimos vinte anos.
Outra boa notícia é que o nosso governo também está interessado em reforçar a sua infraestrutura de saúde para combater melhor os maus hábitos alimentares e outros, como os já citados. A Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estará promovendo em breve um curso para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Serão abordados principalmente a influência do tabaco, do álcool, da alimentação inadequada e da inatividade física e sua importância na gênese das principais doenças que assolam a população.
A população alvo são os profissionais de nível superior ligados ao SUS, os profissionais de saúde em geral e outros de algum modo ligados à saúde.
Tudo a ver, portanto.
- http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/186/sumula/chile-fecha-o-cerco-alimentos-nao-saudaveis
* Atualmente em processo de revisão pelos cientistas. Ver o meu artigo “Colesterol em discussão“.
Revisado em 24/set/2018
Escrito por: NILTON TORNERO