MUDANÇAS DE HÁBITOS

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É fácil mudar hábitos? Para o escritor Mark Twain isso não apresentava nenhuma dificuldade; mais difícil era andar pra frente. Disse ele: “É fácil deixar de fumar. Eu, por exemplo, já deixei cem vezes”.

Humorismo à parte, algumas pessoas conseguem mudar um hábito com muita facilidade. Tive um querido tio que, durante uma época de sua vida, era muito chegado a uma caninha. Costumava chegar a sua casa embriagado, tornava-se agressivo, era dado a escarcéus. Os filhos (e também minha tia) não viam aquilo com bons olhos e, certo dia, deram-lhe um ultimato: ou parava de beber ou que saísse de casa, pois aquele comportamento estava degenerando a família e sendo um mau exemplo para os irmãos mais jovens.

A partir desse dia e, para o resto da vida, meu tio nunca mais bebeu algo alcoólico; quando ia a alguma festinha, nada de cervejas; ele pedia café.

Este mesmo tio costumava fumar um cigarro atrás do outro e tomar vários bules de café ao longo do dia. Começou a ter problemas pulmonares. Quando o médico lhe disse que devia parar de fumar, pois aí estava a causa de seus males, ele não teve dúvidas: chegou em sua casa, pegou todos os maços de cigarro que encontrou e jogou-os no lixo. Nunca mais fumou, mas continuou bebendo café o dia todo. Quando fazia uma viagem, por mais curta que fosse, costumava levar duas garrafas térmicas com essa bebida e a ia bebendo pelo caminho. Não satisfeito, quando chegava à cidade de destino, a primeira coisa que fazia era correr para um bar e tomar café. Pois bem: após décadas dessa prática, um belo dia cismou que o café não lhe fazia bem e, daquele dia em diante, não tomou mais essa bebida.

Temos que admitir que esse tipo de conduta louvável não é a usual. A maioria das pessoas tem dificuldades para mudar hábitos. E aqui estamos falando de hábitos nocivos; é claro que os bons devem ser preservados.

Acredito que o primeiro passo para qualquer mudança que desejamos fazer em nossa vida requer conscientizarmo-nos daquilo que queremos mudar. Não bastam ideias vagas; não basta dizer que precisamos dar outro rumo à nossa vida; precisamos nos tornar conscientes do que, exatamente, queremos mudar e estar convencidos que essa mudança nos trará benefícios.

Costumo tomar dois ou três cafés por dia; frequentemente leio que não se deve tomar café porque é uma droga nociva, mas também leio que um pouco de café é benéfico ao organismo. Ambas correntes têm seus defensores entre os cientistas. O fato é que me sinto bem tomando-o; não vejo por que deixar esse hábito. Em último caso estou consciente dos eventuais perigos dessa bebida (acredito nos malefícios de ingerir grandes quantidades), mas não estou convencido que ela, em pequenas doses, me traga malefícios. Ou se traz, os benefícios superam os possíveis malefícios.

Diferente é a minha relação com o açúcar refinado. Desde há muito me convenci que é um dos maiores venenos que existem; eliminei-o quase totalmente da minha alimentação.

Como dissemos, conscientizarmo-nos daquilo que queremos mudar é o primeiro passo. A partir desse ponto as coisas podem fluir ou podem se complicar. Podem se complicar se pararmos por aí. Se, por exemplo, fumamos e nos conscientizamos que devemos abandonar este hábito e ficarmos repetindo o tempo todo “tenho que parar de fumar!” é bem provável que daqui a cinquenta anos ainda estejamos acendendo um cigarro e dizendo: “este é o último, definitivamente! Tenho que parar de fumar!” Tudo aquilo que não queremos, mas focamos a nossa atenção, na verdade o reforçamos. Isso explica por que Mark Twain disse que já parou umas cem vezes de fumar: para, e depois, volta ao hábito. Mas também não adianta nos conscientizarmos que o hábito não nos é benéfico, pensar que devemos deixá-lo, não o reforçarmos, e não fazer mais nada. Devemos ir além e ver aquilo que se esconde atrás do hábito; ele não está aí por acaso.

Por exemplo, descobrimos que o hábito de fumar está ligado à ansiedade? É uma relação muito comum. Se não estabelecermos esta relação, não iremos muito além. Mas, uma vez estabelecida a relação, é suficiente pararmos por aí? Não acredito. A ansiedade pode estar ligada não só ao hábito de fumar, mas também ao hábito de comer demais, principalmente alimentos açucarados, levando ao sobrepeso e provavelmente à obesidade. Pode, a ansiedade, estar por trás de muitos outros hábitos. Mas, vamos investigar ainda mais: por que somos ansiosos? Penetramos, dessa maneira, no estudo do nosso subconsciente, onde esses hábitos estão enraizados. Explorando o subconsciente, é possível que a verdadeira causa da ansiedade seja revelada e o problema resolvido.

A nossa atitude em relação àquilo que queremos mudar tem uma importância fundamental. Para explorarmos o nosso subconsciente com sucesso, precisamos ter a coragem necessária para enfrentar o que for revelado, que, muitas vezes, não é lá muito agradável, mas que, uma vez reconhecido e curado, nos tira um peso das costas.

 

O estabelecimento de um propósito de vida se impõe quando pretendemos mudar uma atitude. Se não temos uma razão maior para viver, estamos sujeitos a nos deixar influenciar o tempo todo por aquilo que é secundário. No caso que vimos comentando do meu tio, é provável que ele tenha abandonado a bebida porque percebeu, rapidamente, que, se não fizesse isso, seria posto fora de casa e isto acabaria destruindo-o. Ele morava em uma cidade pequena, onde todos se conheciam e tinha um emprego respeitável. Naquela época, ser posto fora de casa pela família era considerado algo extremamente grave. Essa deliberação, de manter-se respeitável e assegurar o respeito de sua família, deve ter sido o propósito de sua vida naqueles tempos. Outros propósitos poderosos devem ter sido adotados quando parou de fumar e de beber café.

O propósito firmemente estabelecido pode estar por trás dos chamados milagres, por exemplo, de pessoas que se curam de câncer, muitas vezes estando desenganadas pelos médicos. Muitos oncologistas, discípulos do marquês de Sade, olham para o paciente e, assim, sem nenhuma consideração pela pessoa, dizem: ”Você está com câncer! Tem seis meses de vida!”. Viram as costas e vão embora, felizes da vida. Ganharam o dia. A maioria se deixa abater por essas profecias e morrem dentro de seis meses; uma minoria, no entanto, não aceita essa sabedoria de boteco e saem à luta, de cabeça erguida e estabelecem um propósito maior para suas vidas: “Vou sobreviver ao câncer! Vou me curar!”

A literatura médica está cada vez mais rica em relatar casos de cura de câncer considerados “milagres”. Os propósitos variam. Ora é aquela moça, mãe solteira, sozinha, diagnosticada com câncer de mama. Sabe que, se morrer, seu filhinho ficará ao léu. Ou então aquele cientista que tem algo importante a dizer à humanidade, fruto de conhecimentos adquiridos em longos anos de estudo. Precisa escrever livros divulgando suas ideias, mas foi-lhe diagnosticado um câncer de estômago e o discípulo de marquês de Sade lhe deu poucos meses de vida e aconselhou-o a tratar de seu testamento e do seu funeral. O cientista agradece tanta consideração, decide que vai viver e vai enriquecer a humanidade com suas descobertas. E assim se faz.

No caso do câncer, esse propósito geralmente é estabelecido em pouquíssimo tempo, pois, como se diz, “o tempo urge”. Mas isto é válido para qualquer doença, para qualquer situação. E então o “milagre” começa a se desvelar.

Fato comum, que temos observado, é daquela pessoa que frequenta um retiro, por exemplo, para ajustar a sua saúde; conhecendo novos hábitos alimentares decide adotá-los no seu dia a dia. No entanto, ao voltar para casa, encontra resistência de familiares, de amigos, que dizem que tudo aquilo é bobagem. Se a pessoa não estabelecer um propósito de vida com a solidez de uma rocha, em poucos dias volta aos velhos hábitos.

Esse propósito deve estar centrado em seu interior, ou seja, depender só dela e não de terceiros.

É interessante que aquilo que a pessoa deve fazer para cumprir o seu propósito começa a aparecer espontaneamente em sua vida. No caso do câncer, orientações várias começam a surgir de várias fontes; tratamentos alternativos, que antes a pessoa nunca ouvira falar e que são acessíveis e baratos começam a surgir. Nas outras situações, a mesma coisa. “O universo começa a conspirar a seu favor”, é um axioma muito repetido. E assim ocorre. Se você descobrir para onde o universo flui e acompanhá-lo você descobriu o fundamental desta vida.

Para mudar um hábito, além do exposto acima, na maioria dos casos a mudança pode ser gradativa. Afinal, levamos muitos anos cultivando o hábito da bebida, do cigarro. Levam-se anos até que a obesidade, as artrites, as doenças cardíacas, apareçam. Se formos devagar, com um propósito bem definido em nossos corações, seguramente as coisas vão se acertando. O corpo tem um poder de recuperação espantoso; é só darmos tempo para ele se ajustar em novo equilíbrio e ele saberá exatamente o que fazer.

Escrito por: NILTON TORNERO