EXPLORANDO O NOSSO MUNDO INTERIOR

 In Blog, Conexão Espiritual

Convido você a dar asas à imaginação.

Você passa por uma rua e depara-se com uma casa e o que lhe chama a atenção é o belo jardim que ela possui.

Se você fosse convidado a entrar na casa, poderia notar que a sala não é tão bela e acolhedora como o jardim. Enquanto este irradia intensa energia de felicidade, a sala mostra-se um tanto fria, com pouco brilho. Você pode sentir mesmo a energia um tanto pesada.

Imaginemos que você tem super poderes e intui que a casa tem um porão. É um porão que permanece constantemente trancado; o dono da casa não se preocupa em destrancá-lo. Faz questão de manter a chave bem guardada. Este porão é fonte de inquietações para o dono da casa. Ele sabe que ali estão coisas que ele não faz questão nenhuma de tomar conhecimento. Mas, apesar desta sua aparente indiferença, o porão nunca o deixa sossegado.

Agora, deixemos as imagens acima de lado e vejamos o que elas significam para nós.

O belo jardim pode ser comparado àquela personalidade que tentamos mostrar aos outros: que somos pessoas cheias de vida, alegres, determinadas. Damos a impressão – aos outros – que sabemos exatamente onde estamos pisando. Damos a impressão de termos o controle absoluto sobre a nossa vida.

Mas, passemos à sala. Aí, o quadro que vemos é bem diferente. Em nossa intimidade frequentemente não somos aquilo que tentamos mostrar aos outros. Como se diz, muitas vezes as aparências enganam. Quando estamos sós, conosco mesmos, podemos nos sentir inquietos; aquela máscara que usamos quando saímos à rua é pendurada em algum lugar e nos vemos frente a frente com nossas inquietações, nossos conflitos, nossas situações mal resolvidas. Podemos nos sentir estressados.

Podemos buscar o relaxamento ingerindo uma bebida, fumando um cigarro, tomando um tranquilizante. Mas, nada disso resolve e, no dia seguinte, lá estamos nas mesmas condições e esse estilo de vida vai se perpetuando dia após dia. E o porão continua trancado, a espera de ser aberto.

Frequentemente achamos que somos infelizes porque não temos um carro novo. O vizinho parece muito feliz depois que trocou seu velho calhambeque. Então, num belo dia, também trocamos de carro; compramos um mais caro – nem sempre melhor – que o do vizinho e saímos arrotando as maravilhas de se ter um carro como aquele. “Custou caro, precisei financiar, fiquei devendo, mas compensa”, dizemos a quem quiser nos ouvir e a quem também não tem o mínimo interesse em nos ouvir. Queremos falar, queremos que todos ao nosso redor saibam que somos pessoas vitoriosas, vencedoras, e o veículo caro, financiado, está ali como prova. A nossa máscara – o nosso jardim – nunca reluziu tão bela!

No entanto, em pouco tempo a inquietude volta e percebemos que “tudo continua como dantes no quartel de Abrantes”.

Doenças começam a aparecer. Vamos aos médicos, fazemos exames, gastamos dinheiro em remédios e vemos que tudo continua na mesma ou então percebemos que estamos piorando e que, cada vez mais, estamos empurrando a vida com a barriga, que a essa altura pode estar bem volumosa por causa da má alimentação.

E assim a vida vai passando até que um dia percebemos a necessidade de explorar aquele porão que, durante a vida inteira, fizemos questão de manter trancado. Sentimos um “clic”, uma intuição que nos diz que devemos ver o que existe lá dentro. Intuímos que aquilo que existe ali guardado a sete chaves são coisas nossas, pois aquele porão faz parte da nossa casa ou, dito de outro modo, faz parte do nosso ser.

Nesse dia percebemos que não conseguimos mais ignorar o que tem naquele porão. Num ato de coragem, pegamos a chave e o abrimos. No início, vemos muita poeira; mal distinguimos o que está ali. Mas tudo aquilo nos pertence e estamos dispostos a desvendar tudo o que nos parece caótico. O porão é o nosso subconsciente. E então, conforme vamos explorando esse porão, esse subconsciente, percebemos que a nossa vida começa a mudar.

II

No subconsciente (no porão) estão todas as nossas experiências ocultas, quer desta quer de vidas passadas (para quem nelas acredita). Em linhas gerais é o subconsciente quem nos governa embora, frequentemente, achamos que temos a direção da nossa vida.

Já tivemos ocasião de citar a escritora espanhola Rosa Montero que disse: “O verdadeiro poder está sempre na sombra.”

É ali, na sombra do subconsciente, que estão as nossas experiências de infância que começam mesmo antes de nascermos. Ali está todo o convívio com nossos pais ou outras pessoas que tiveram importância na nossa vida. Delas herdamos hábitos, crenças, preconceitos que, frequentemente, nos acompanham vida afora. Quando isto não se ajusta com aquilo que somos, como um ser completo formado de corpo, alma e espírito, as insatisfações, conflitos interiores começam a aparecer. Se não buscarmos nesse porão as explicações para essas inquietações estamos condenados a usar a bela máscara de quem não somos a vida inteira.

Nesse subconsciente costumam estar as causas mais profundas de nossas doenças. Como dissemos em artigo anterior, o nosso corpo físico é o “fim da linha”. A doença é um sintoma de que algo não está bem conosco nos chamados corpos sutis. E, para pesquisarmos esses conhecimentos ocultos, temos que mergulhar em nossos conflitos, buscando suas causas no subconsciente. Atuando somente no corpo físico e não levando em consideração a cura em nível “superior”, é pouco provável que curemos algo no corpo físico. Frequentemente podemos nos curar de uma doença e outra tomar o seu lugar, isto porque a causa primária – vamos dizer assim – não foi removida.

O nosso trabalho leva tudo isto em conta e pretendemos ajudá-lo a abrir o seu porão. Mas não vamos curá-lo; vamos apenas mostrar onde está a porta do porão e convidá-lo a pegar a chave e abrir a porta. A cura – ou

antes, a autocura – depende de você. É você quem vai explorar o que existe nesse porão, pois ele é seu, guarda todas as suas experiências e somente você tem condições de acessá-lo em todos os seus detalhes. Nós apenas temos condições de lhe indicar direções e talvez uma ou outra técnica para ajudá-lo a resolver uma desarmonia.

Todos nós temos um médico interior que nos orienta em caso de doenças, de desequilíbrios emocionais. Compete a cada um de nós descobrir esse médico interior em nós. O meu médico interior não pode curá-lo; somente o seu pode fazer isso.

A exploração do subconsciente pode trazer, no início, algum medo, pois não sabemos o que está ali armazenado e o ser humano, de um modo geral, teme o desconhecido. No entanto, à medida que criamos coragem e vamos desvendando-o, percebemos que a nossa vida começa a melhorar, pois os nossos conflitos começam a desaparecer. Isto é um estímulo vigoroso para prosseguirmos.

Na verdade, mergulhamos no desconhecido e somente as pessoas corajosas mergulham no desconhecido. As outras pessoas preferem permanecer na rotina de sempre, todos os dias experimentando as mesmas coisas, sem terem coragem de se abrirem ao novo.

O desconhecido nos abre um mundo novo, muito mais belo, porque vamos nos livrando de nossas inquietações, de nossos pesadelos, de nossos estresses.

O que realmente vem? Ninguém sabe. Sabemos apenas que nos são oferecidas infinitas possibilidades de vida nesse novo mundo que se abre dentro de nós. O poeta espanhol Antonio Machado foi muito feliz quando definiu o que acontece quando nos abrimos ao novo: “Caminhante, não há caminho: se faz caminho ao andar.”

Escrito por: NILTON TORNERO