ARTRITES TÊM CURA (PARTE I)
Margaret Hills (1925-2003) foi uma enfermeira inglesa que dedicou a sua vida ao estudo e tratamento das artrites.
Até 1946, quando tinha 21 anos, era uma feliz e despreocupada estudante de enfermagem no St Stephen’s Hospital, em Fulham Road, Londres.
No início de abril de 1947 começou a sentir-se indisposta e procurou um médico que diagnosticou artrite reumatoide aguda. Foi internada em um hospital onde também lhe diagnosticaram cardiomegalia (coração dilatado). Prescreveram-lhe repouso absoluto; ficou quatro meses de cama no hospital; até alimentar-se sozinha lhe foi vetado.
Cinco meses depois recebeu alta. À sua saída do hospital foi-lhe dito que estava muito doente, sendo orientada a não mais dançar ou andar de bicicleta, seus passatempos favoritos. Também não devia subir morros ou escadas, nem terminar o curso de enfermagem, porque o trabalho era considerado cansativo demais. Caso se casasse, não deveria ter filhos. Deveria estar preparada para recaídas.
Margaret conversou com os seus botões e não aceitou essa vida de restrições. Voltou a estudar enfermagem, passou a levar a antiga vida. Casou-se.
Dezesseis anos depois, já com seis filhos, teve uma recaída tão violenta que a deixou totalmente inválida; todas as suas articulações estavam travadas. A dor era horrível. O médico especialista em artrite que ela consultou lhe receitou um “remédio milagroso” pouco antes lançado no mercado, que ela teve o bom senso de não tomar por causa dos efeitos colaterais: o próprio médico lhe disse que o tal medicamento era responsável por dois óbitos recentes. Preferiu ficar nas velhas aspirinas, que já conhecia de seu surto anterior e que, para ela, tinham mínimos efeitos colaterais, mesmo tomando doze comprimidos ao dia.
O seu estado físico era tão crítico que o médico lhe recomendou que providenciasse uma cadeira de rodas.
Como acontece com alguns, essa situação, aparentemente sem saída, fez com que Margaret pensasse melhor na vida que levava.
Ora, ela não aceitava os veredictos sombrios dos médicos e foi percebendo que a medicina oficial pouco tinha a lhe oferecer. Cura, nem pensar. A artrite é considerada até hoje uma doença incurável pela medicina oficial. Os potentes medicamentos modernos – que começaram a aparecer quando de sua segunda crise – provocam efeitos colaterais igualmente potentes. As crises diminuem e depois retornam, às vezes mais virulentas que antes. O paciente deve tomar medicamentos por toda a vida, como acontece com outras doenças crônicas que são, também, consideradas incuráveis e de etiologias desconhecidas.
Insatisfeita, pois, com o seu futuro sombrio, Margaret começou a pesquisar, por conta própria, métodos alternativos para a sua cura.
Diz ela: “Li todos os livros de ‘cura natural’ que encontrei e, no final, deparei com o tratamento que me livraria de todos os sinais de artrite em apenas doze meses e que, desde então, me deixou totalmente sem dores”.
Tudo isso, com muitos mais detalhes, ela descreve em seu livro “Curando a artrite sem usar medicamentos” (1).
Em 1982 ela abriu a Clínica Margaret Hills e começou a difundir seus métodos de tratamento, livrando da artrite milhares de pessoas.
Que conclusões chegou a respeito da etiologia desse grupo de doenças?
Margaret afirma sem rodeios: “A artrite é, pura e simplesmente, uma doença de origem alimentar.”
Isso ela descobriu nas décadas de 70-80 do século passado. Hoje a literatura é pródiga em mostrar evidências de que em praticamente todas as doenças crônicas a alimentação tem um papel fundamental, fato há muito reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Qual a base do tratamento de Margaret? Damos um ligeiro resumo: cortar gorduras de origem animal: manteiga, queijo, leite, creme de leite; cortar carnes, principalmente bovinas e de porco; também presunto, bacon, salsichas, carne seca, linguiças e outras carnes preparadas; eliminar frituras, açúcar e pão branco; eliminar bolos e biscoitos recheados; eliminar bebidas alcoólicas, compotas de fruta.
Existem outras orientações alimentares igualmente importantes, que o leitor poderá checar lendo o livro; além disso, a autora explica com detalhes porque esses alimentos causam artrite: excesso de ácidos no organismo, em particular do ácido úrico. É possível que o livro esteja esgotado nas livrarias, mas poderá ser encontrado em sebos (onde comprei o meu exemplar recentemente). A autora tem outro livro traduzido, Como curar a artrite e viver sem medicamentos; não o li, mas a temática deve ser semelhante.
Mudar hábitos, principalmente os alimentares, não é tarefa fácil. Certa vez, conversando com uma pessoa sobre alimentação, ela me disse, apavorada: “Se eu não comer todos os dias arroz, feijão, bife, ovo frito, frango, batata frita e linguiça, vou comer o quê? Vou passar fome!” Embora comamos várias vezes ao dia, a vida inteira, as pessoas, de um modo geral, só conhecem os alimentos acima, mais pizza, churrasco e uma ou outra verdura. Não imaginam que exista um novo mundo culinário muito mais variado e de alto valor nutritivo e terapêutico. Quando se dão conta disso se surpreendem com as infinitas possibilidades disponíveis de alimentação sadia. É fazer e ver. Pensando nisso, escrevemos três pequenos artigos para orientar aqueles que desejam sair de uma velha e destrutiva experiência que é a alimentação que aí está, para uma alimentação mais saudável. Acreditamos que essa mudança deva ser gradual, com aquilo que chamamos “dieta de transição”. Os artigos podem ser encontrados neste blog sob os títulos de Desafios, Dieta de transição e Arroz integral. Clicar AQUI
A artrite reumatoide e outras formas de artrite seguramente não estão entre as principais causas de mortalidade da humanidade. No entanto, é uma doença das mais importantes pelos danos que acarreta às pessoas que dela são portadoras.
Além dos episódios agudos, extremamente dolorosos, os pacientes estão sujeitos a uma série de cirurgias corretivas (chamadas de artroplastias) para substituir, remodelar ou realinhar uma articulação no quadril, joelho e ombro, entre outras. Tudo isso limita em muito a mobilidade dos doentes, levando-os a uma vida muito sedentária, o que, frequentemente (junto com a má alimentação) leva ao ganho de peso ou mesmo à obesidade, piorando o quadro e abrindo as portas para outras doenças.
Encontro na internet um interessante artigo sobre a artrite reumatoide e seu impacto sobre o sistema público de saúde em Santa Catarina, entre 1996-2009, de autoria de Rafael K. S. Gomes e outros (2).
Os autores dizem que no período citado gastou-se em torno de 26.500 milhões de reais com o tratamento hospitalar e medicamentoso da artrite reumatoide naquele estado da federação. Dizem, também, que a prevalência dessa doença está aumentando no mundo todo, tanto que a OMS elegeu o período 2000-2010 como a década do osso e da articulação.
Embora somente 10% dos pacientes sejam internados, a maior parte dos gastos deve-se aos custos hospitalares e gastos com o tratamento medicamentoso.
Dizem os autores do artigo citado: “Estudos nacionais feitos com bases de dados administrativos que abordam os gastos diretos do tratamento ambulatorial e medicamentoso da artrite reumatoide apontam que os medicamentos correspondem a 68,72% do valor total gasto”.
A artrite reumatoide é considerada uma doença inflamatória sistêmica, que pode afetar as articulações, os pulmões, o coração e outros órgãos.
Segundo a medicina convencional (oficial), sua etiologia não é conhecida. É considerada uma doença crônica, incurável, ou seja, naquelas vítimas onde ela se manifesta, a pessoa está fadada a tomar medicamentos para o resto da vida.
Existem muitas outras doenças do dia a dia consideradas crônicas e incuráveis: cardiopatias, insuficiência renal, depressão, câncer, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, para citar algumas mais comuns. São carimbadas como crônicas e incuráveis, porém, eu mesmo, já me curei de várias delas; qualquer dia eu conto a história.
Como vimos, a enfermeira Margaret Hills desmentiu esse prognóstico sombrio e sarou de sua artrite; não só isso: curou milhares de pessoas.
Enquanto a medicina oficial não “sabe” a causa dessa e de outras doenças crônicas, a enfermeira diz alto e bom som: a artrite é uma doença de origem alimentar.
Presentemente, existem estudos – cada vez mais abundantes – mostrando que as doenças crônicas, de um modo geral, são causadas e/ou agravadas pela alimentação antinatural do nosso tempo.
Quando se diz que a causa de alguma doença é desconhecida, fica-se à mercê dessa doença. É pouco provável que vá surgir algum tratamento eficaz (principalmente medicamentoso) para curar tal doença. No máximo o que os medicamentos fazem é atenuar os sintomas.
No tempo em que Margaret contraiu artrite reumatoide, o único medicamento disponível para atenuar os sintomas era a aspirina. De lá para cá não pararam de surgir ‘medicamentos milagrosos’, cada vez mais caros. No entanto, a prevalência da doença e os pacientes com diversas próteses só aumentam.
O mesmo ocorre com as outras doenças crônicas: apesar dos ‘medicamentos milagrosos’, cada vez mais caros, a incidência dessas doenças e os óbitos que muitas delas acarretam só aumentam no mundo todo.
Os efeitos colaterais causados por esses medicamentos já se tornaram um caso de saúde pública.
Quem inventou o conceito de que as chamadas doenças crônicas não têm cura e as pessoas, na maioria dos casos, têm que tomar medicamentos a vida toda, merece todo o nosso respeito. Trata-se de uma ideia genial.
Já pensou que maravilha se você inventa um boné e consegue convencer as pessoas que quem usá-lo não ficará jamais doente e vai ser feliz o resto da vida?
Você abre uma fábrica do tal boné, registra-o como invenção sua e passa a contar com meios de divulgação para difundir as maravilhas desse apetrecho milagroso. Daí a pouco, forma-se um fila em frente à sua fábrica para adquirir o boné. Lojas começam a vendê-lo; médicos e outros profissionais ligados à saúde começam a receitá-lo, desde que você, o fabricante, contribua para que vão a congressos e outros lugares divulgarem esse produto, abertamente ou não.
Em pouco tempo você abre outras fábricas e fica cada vez mais rico, não é?
Da mesma maneira, você já imaginou a alegria de dirigentes e acionistas da indústria farmacêutica ao saberem, por exemplo, que os pacientes de artrite devem tomar os medicamentos que ela fabrica o resto da vida? Lucro garantido para o futuro.
Os laboratórios farmacêuticos estão interessados em que os doentes crônicos sarem?
O escritor Mario Puzo, em seu livro Las Vegas, desmente alguns mitos do mundo da jogatina que fez desta cidade – localizada no meio do deserto – uma das mais conhecidas do planeta, principalmente por aqueles que gostam de jogar e aqueles que são viciados em jogo.
Diz este autor que fortunas incalculáveis são perdidas de um dia para o outro. Aquele que hoje ganha uma fortuna pode perdê-la amanhã. Os cassinos costumam emprestar dinheiro aos ‘bons’ clientes, para que continuem jogando quando a sorte lhes é desfavorável. Frequentemente, um ‘bom’ cliente perde tanto e seguidamente que simplesmente o crédito dos cassinos lhe é cortado e o jogador ‘cai em desgraça’. Os cassinos, é claro, querem receber. Esses empréstimos não são documentados e são na base da confiança (no estado de Nevada, onde fica Las Vegas, esse tipo de empréstimo e, consequentemente, a sua cobrança, são proibidos por lei). Em primeiro lugar os credores procuram intimidar os devedores, enviando para cobrá-los brutamontes escolhidos a dedo, que chegariam a assustar até um Frankenstein. Às vezes, quem cobra pode ser um sujeito simpático, maneiroso – também escolhido a dedo – mas o brutamontes está lá, acompanhando-o, para meter medo. Assistindo a alguns filmes, lendo livros policiais, tem-se a impressão que os crimes por esse tipo de dívida são comuns. Puzo esclarece:
“Você tem mais valor vivo, trabalhando, ganhando dinheiro todos os anos”.
Isso tem uma lógica bem palpável. Por isso esses cobradores costumam fazer acordos e emprestam mais dinheiro aos devedores, que assim podem desenvolver um trabalho qualquer. Hoje você está numa pior: se você trabalhar, ganhar algum dinheiro, você pode voltar a jogar, ganhar no jogo, pagar as suas dívidas do jogo. E fica ainda eternamente grato à ‘bondade” dos credores que o ajudaram a sair do buraco. Sujeitos muito legais, não há dúvida! Têm um carinho especial pelos desfavorecidos pela sorte!
Do mesmo modo, na indústria da doença, você é mais importante vivo.
Os medicamentos não têm curado ninguém; a morbi/mortalidade por essas doenças só aumenta. No entanto, a toda hora surgem novos ‘medicamentos milagrosos’ que têm uma característica: custam mais caro que os medicamentos já existentes para o mesmo fim no mercado.
Atualmente os medicamentos usados para controlar a artrite reumatoide e outros estados reumáticos são os chamados DMCD (drogas modificadoras do curso da doença) e os antiTNF (antifator de necrose tumoral).
Durante a semana iniciada em 8/7/2018 realizei ligeiro levantamento na internet sobre o preço desses medicamentos. Os DMCD, nas dosagens recomendadas, não apresentam preços abusivos. No entanto, os efeitos colaterais abundam; alguns são usados no tratamento do câncer, ou seja, são poderosos citotóxicos.
Por outro lado, quando vemos os preços dos antiTNF, a coisa muda de figura. Para começar, esses medicamentos são citotóxicos e agem diminuindo as defesas imunológicas do organismo do paciente que ficam, assim, susceptíveis a adquirir outras doenças. Primum non nocere, diz o velho refrão médico (antes de mais nada, não prejudicar), mas parece que poucos se incomodam com isto, haja vista que existem muitos estudos mostrando que os óbitos por causas iatrogênicas (provocados pelo tratamento) só aumentam, estando já entre as principais causas de óbito no mundo todo. E isso ainda é subestimado, pois, os desastres que ocorrem em hospitais e clínicas pelo uso indevido de medicamentos e outros erros médicos são cuidadosamente escondidos da população e dos próprios médicos. A propósito, uma notícia recente vem bem a calhar. Diz a notícia: “No Brasil, 148 pessoas morrem por dia devido a erro em hospitais públicos e privados. Ao todo, 54.076 pacientes perderam a vida por esta razão em 2017, ano da pesquisa divulgada nesta quarta-feira (15.8.2018) pelo 2º Anuário da Segurança…”; veja mais em (3).
O preço desses medicamentos (antiTFN) são bem mais altos: encontrei que os preços variam entre R$ 3.105,00 e R$ 8.540,00. Como uma embalagem não dura muito (às vezes só uma aplicação), o custo mensal, de um desses tratamentos, pode chegar em torno de R$ 17.000,00.
Quem paga esses altos custos? Só quem for muito rico. Os outros pacientes talvez o recebam gratuitamente, via SUS, ou seja, o paciente não paga, mas o SUS paga. Excelente negócio para os laboratórios farmacêuticos. Um medicamento que, normalmente teria uma circulação restrita devido ao alto preço, agora é disponível para toda a população, financiado pelo Estado. Democrático? Sim, por um lado. Mas continuemos.
Acreditamos que são devidas a essa classe de medicamentos que, conforme as estatísticas, até 80% dos gastos do SUS – nesse grupo de doenças – são para tratar as artrites.
São medicamentos paliativos: não curam ninguém. Dados da Previdência Social mostram que a artrite reumatoide é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho e é a quarta doença a determinar aposentadorias (6,2%).
E onde entram as aspirinas? Até onde vi, em lugar nenhum.
Em uma das últimas vezes que consultei um colega foi por uma enxaqueca de longa data, que não respondia a nada. Naquela época eu ainda acreditava no efeito miraculoso de alguma nova droga e o consultei com a esperança que ele conhecesse alguma droga tipo. Perguntou-me o que eu tomava nas crises. Disse-lhe que era uma mistura de cafeína com aspirina (tipo Cafiaspirina, Melhoral). Esses medicamentos não me curaram, mas cortavam as crises. Ele sorriu e me disse:
– Nilton, isso é remédio de pobre. Têm medicamentos modernos que são uma maravilha! Você vai sarar disso com o que vou lhe receitar!
Receitou; peguei a receita, corri à farmácia e iniciei o tratamento no mesmo dia com a droga infalível. O medicamento era muito caro.
Tomei conforme receitado, aumentei para a dosagem máxima. Ao invés de melhorar, piorei. Voltei ao seu consultório, expliquei-lhe o sucedido e ele me disse:
– Olha, Nilton, se você não sarou é porque o que você tem não é enxaqueca (essa que tenho é daquelas típicas descrita nos livros). Vamos pesquisar. Vou lhe pedir um monte de exames e vamos fazer assim até descobrirmos a verdadeira causa.
Felizmente não caí nessa armadilha da indústria da doença; você entra na roda e não sai mais.
Todavia o mais importante nessa história que acabo de contar é que a aspirina virou medicamento de pobre.
- Para ver a bibliografia, que está na parte 2 deste blog, clique AQUI.
Escrito por: NILTON TORNERO